Edival Ramosa: Nova Construção Totêmica
Atividade: Curadoria de exposição

Ano: 2024

Local: coleção moraes-barbosa, São Paulo  



Para mais informações sobre este curso, clique aqui.
Participantes: Edival Ramosa
Links adicionais: Nova Construção Totêmica, de Edival Ramosa (Revista seLecT_ceLesTe)
Edival Ramosa e Pagode na Lata (SP–Arte)
The Silent Identity of Geometries: A Review of Edival Ramosa at Coleção Moraes-Barbosa (Newcity Brazil)
“Processo politico” proiettato in mostra alla Coleção Moraes-Barbosa di San Paolo (Fondazione Arnaldo Pomodoro)


“Filho de pai índio e mãe negra”, Edival Ramosa (1940 –2015) é nome incontornável da produção abstrata geométrica do Brasil, ao lado de artistas como Almir Mavignier, Rubem Valentim e Emanoel Araújo. Presente nas principais exposições brasileiras dedicadas à arte contemporânea de matrizes afro-brasileiras dos anos 1970 e 1980, além de inúmeras mostras internacionais, Ramosa ganha agora uma individual que lança novo olhar sobre sua obra, depois de duas décadas de hiato: Nova Construção Totêmica, com curadoria do pesquisador e curador André Pitol, abre no dia 23 de março na coleção moraes-barbosa e revela o potencial que Ramosa enxerga na abstração de criar um espaço artístico racializado na arte contemporânea Constantemente elaboradas no percurso diaspórico que percorreu em vida, as esferas, colunas, arco-íris e cometas de Edival Ramosa são facetas de um estudo contínuo em torno das geometrias. Esse imaginário de “formas-objetos”, valorizando gradações coloridas e variações geométricas, materializa-se nas esculturas, serigrafias, projetos e esferas que compõem a exposição Nova Construção Totêmica.

A exposição privilegia obras e projetos das décadas de 1960 e 1970, principalmente em acrílico, aço gravado e madeira laqueada, produzidos na Itália. O artista se instalou em Milão entre 1964 e 1974, em plena neovanguarda artística, notadamente construtiva, cinética e op, e trabalhou como assistente nos ateliês de Arnaldo Pomodoro e Lucio Fontana. “É notório como o pensamento geométrico de Ramosa reverbera em trabalhos totêmicos e circulares, assim como evidencia a complexidade abstrato-racial de sua poética e a proximidade que teve com outros artistas, inquietações e oportunidades voltadas ao experimental”, observa o curador André Pitol, que realizou uma pesquisa rigorosa de recuperação e compreensão da trajetória e produção artística de Edival Ramosa.





Nova Construção Totêmica parte do título de um projeto de totem que o artista afro-indígena desenhou no ano em que desembarcou na Itália. A exposição também traz trabalhos mais recentes, além de outros interesses criativos de Ramosa. Destaca-se a colaboração do artista com o designer GianCarlo Montebello, em 1967, na criação de joias de artistas. Dois dos cinco modelos criados por Ramosa estão na exposição.

Somam-se ao conjunto desenhos e projetos de esculturas e mobiliários, como uma estante de componentes modulares. Destaca-se a apresentação, pela primeira vez no Brasil, do filme experimental de cunho militante Processo político (1971), dirigido pelo poeta, professor e ativista político Francesco Leonetti (1924-2017). Vestindo calça jeans escura, jaqueta de couro, usando barba e corte de cabelo black power, Ramosa contracena com outros artistas visuais, atrizes e ativistas, em cenas de perambulação pelo centro de Milão. Essas imagens se misturam a registros audiovisuais dos acontecimentos políticos do momento – como o movimento operário, suas assembleias, greves e lutas por melhores condições de trabalho na Itália dos anos 1960 e 70